Descubra o que é balanço de abertura, para que ele serve, o que é necessário para fazer um e como a sua empresa pode se beneficiar dele.
Você finalmente deu o pontapé inicial para começar o seu negócio e precisa que tudo esteja em ordem desde o primeiro momento. Pois bem, uma das ferramentas necessárias, ou melhor, um dos processos necessários é fazer o balanço de abertura.
Trata-se de um documento no qual se deve transcrever todos os ativos e passivos da empresa. Esses dados são de grande importância para diversas situações que podem aparecer como, por exemplo, a possibilidade de entrar numa licitação e assim por diante.
Pensando nisso, fizemos este conteúdo para te ajudar a entender como fazer o balanço de abertura da empresa, para que serve, como funciona e em quais situações esse documento pode ser bastante útil. Confira abaixo!
O que é balanço de abertura para empresas novas?
Estamos falando de um documento que pode ser classificado como um tipo de inventário no qual serão identificadas as seguintes informações:
- todos os bens do empreendimento;
- as obrigações (essas serão classificadas como passivos da empresa);
- os direitos (esses serão agrupados como ativos da empresa).
Esse balanço precisa ser iniciado no dia 1º de janeiro do ano seguinte ao que não foi escriturado ou também no momento da abertura de uma empresa, o que é mais aconselhado.
Para fazer esse balanço de abertura serão necessárias informações como:
- notas de crédito;
- faturas pendentes de clientes e fornecedores (mais comum em empresas que já estão abertas há algum tempo);
- saldo de estoque se existente;
- valores a pagar de tributos em geral e outros.
Vejamos outras informações necessárias e que entrarão como ativos da empresa. Lembrando que ativo é tudo o que possa gerar valor econômico para o empreendimento:
- dinheiro em caixa ou nos bancos;
- mercadorias e produtos em geral;
- matéria-prima;
- duplicatas a receber;
- e outros (vai depender de cada caso).
Já no passivo temos o capital social, o capital registrado no Patrimônio Líquido (valores que os sócios investiram, reservas de lucros, prejuízos acumulados e outros), pagamentos dos funcionários, tributos a serem pagos e a diferença do ativo menos o passivo exigível.
Leia também: O impacto da tecnologia no mercado contábil!
Para que serve o balanço de abertura?
Essas informações que são adicionadas no balanço de abertura são utilizadas para dar início à escrituração contábil da empresa.
Esse balanço de abertura é ideal não apenas para empresas que estão começando, mas também em diversas outras situações para pessoas que já possuem uma, vejamos:
- empresas que só utilizavam o livro-caixa e decidiram seguir pelo Simples Nacional ou Lucro Presumido;
- empresas que ficaram inativas por muito tempo, por exemplo, por cerca de 5 anos;
- empresas que foram desclassificadas pela fiscalização e vão ter que fazer uma nova escrituração contábil.
De forma prática e simples, o balanço de abertura é necessário porque a contabilidade precisa dele para fazer a escrituração contábil que é obrigatória por lei.
Além disso, se você quiser participar de qualquer tipo de licitação mesmo tendo menos de 1 ano de negócio ativo nos registros, é possível se tiver, pelo menos, um balanço de abertura. Portanto, ter esses dados em um documento pode trazer inúmeros benefícios e vantagens para o seu negócio.
O que é escrituração contábil?
Para que você possa entender melhor qual a finalidade do balanço de abertura é preciso entender também a finalidade da escrituração contábil. Pois, para fazê-la, o balanço é necessário.
Bom, a escrituração contábil é algo que todas as empresas precisam fazer obrigatoriamente, é uma imposição por meio da lei — exceto para MEI. Por ser algo obrigatório, muitas pessoas olham esse documento de forma negativa, mas é preciso perceber os grandes benefícios que a escrituração oferece.
Por ser formada de um registro cronológico de tudo o que acontece na empresa, pelo menos dos acontecimentos contábeis, você terá tudo o que precisa, todas as informações que necessita para controlar o patrimônio da melhor maneira. Assim, sempre será possível fazer a gestão do seu negócio com base em fatos e dados e não mais em teorias.
Diferença entre balanço patrimonial e balanço de abertura
Bom, você já deve ter ouvido falar em balanço patrimonial e, provavelmente, deve estar pensando que é a mesma coisa que o balanço de abertura, mas não é bem assim. Confira abaixo as principais diferenças entre esses dois documentos contábeis de grande importância para sua empresa.
Balanço de abertura
Como já dissemos acima, o balanço de abertura é feito para identificar os bens da instituição, quais os ativos e os passivos que ela possui. Além disso, pode ser realizada não só por empresas que estão dando os primeiros passos, mas também por:
- empresas que já existem e nunca fizeram escrituração contábil;
- empresas com escrituração contábil desclassificada pelos órgãos de fiscalização;
- empresas que estão há mais de 5 anos no mercado, mas em inatividade.
Agora, falaremos sobre o balanço patrimonial e você vai perceber como a diferença entre esses dois fica mais clara.
Balanço patrimonial
Para começar, precisamos informar que você vai encontrar também outro nome para balanço patrimonial: balanço contábil. Portanto, saiba que, quando você ver esse termo, estamos falando da mesma coisa.
O balanço patrimonial é muito mais voltado para questões financeiras da empresa, mostrando a realidade de como as coisas são em matéria de dinheiro e bens. Há um levantamento completo de toda a vida financeira do negócio como, por exemplo, quais são os investimentos realizados, quais as fontes de recursos e outros.
Vejamos como esse tipo de balanço pode te ajudar:
- entender quais são os recursos que estão realmente disponíveis para o negócio;
- como está o comportamento financeiro da empresa;
- ajuda no planejamento tributário;
- tem como identificar quais tributos são pagos e, a partir disso, é possível analisar a possibilidade de reduzi-los identificando se algum está sendo pago sem necessidade ou em um valor maior do que deveria;
- ele se torna uma referência na hora de montar o planejamento estratégico e financeiro de uma empresa;
- para tomar decisões mais assertivas para o negócio em questões financeiras e também para outros departamentos.
O ideal é que o balanço patrimonial seja feito a cada 12 meses. É o que acontece com a maioria das empresas, mas esse período pode ser menor a depender do objetivo financeiro e necessidade estratégica do negócio.
E, junto a esse documento é necessário também ter o Demonstrativo de Resultados do Exercício, mais conhecido pela sigla DRE.
Desse balanço é possível retirar algumas informações de grande importância para o sucesso da empresa. Por exemplo, é possível identificar se os compromissos assumidos poderão ser realmente quitados no tempo correto ou em quanto tempo e também se há uma quantidade de passivos suficientes para prejudicar o desenvolvimento do negócio.
Como fazer o balanço de abertura de uma empresa nova
Tudo começa com os saldos de abertura da empresa e, para uma melhor organização, segue uma lista de todos os documentos necessários para fazer o balanço de abertura sem grandes problemas:
- relatórios dos bens do ativo imobilizado;
- todos os valores a serem pagos em tributos pela empresa;
- todos os valores a serem pagos em obrigações trabalhistas;
- todas as notas de crédito;
- todos os extratos bancários;
- todas as faturas pendentes de clientes;
- todas as faturas pendentes de fornecedores;
- todos os saldos de estoque.
É claro que, para uma empresa que está dando os primeiros passos, alguns documentos podem não aparecer simplesmente porque eles ainda não existem. Portanto, o contador precisa analisar cada caso. A partir desse balanço, a contabilidade terá condições de identificar se a empresa está com lucro ou prejuízo.
Conta transitória para balanço de abertura
É uma conta que ajuda na hora de fazer o balanço e entra como passivo não circulante da empresa. É uma conta que pode ter os dois tipos de lançamento, ou seja, tanto débito, quanto crédito.
Assim, todos os passivos e ativos são adicionados nessa conta transitória e o valor deve fechar em R$ 0. Se isso não acontecer, significa que algum valor ou mais de um está errado.
Saldos iniciais
Esse é outro conceito que você pode precisar saber melhor do que se trata, pois está diretamente relacionado ao balanço de abertura. Normalmente, a contabilidade precisa desse saldo inicial para dar início ao balanço. Por isso, um conceito está diretamente relacionado ao outro.
Ao registrar a empresa, é feita a contabilização dos saldos iniciais, que geralmente consiste no capital social e no valor disponível em caixa. O saldo inicial corresponde à soma dos valores que ficam disponíveis nas contas da empresa quando se dá no início de suas atividades e na transição dos períodos contábeis.
Leia também: Os benefícios da contabilidade digital.
Como lançar o capital social no balanço de abertura
Antes de falar sobre o lançamento do capital social, vamos falar um pouco sobre o que ele é para que você possa compreender melhor este ponto e não ficar dúvidas sobre o assunto.
O capital social é o montante, ou seja, o total de dinheiro que todos os sócios colocam na empresa. É o valor necessário para que o negócio possa começar as suas atividades e se manter nela até que possa dar lucro e “andar com as próprias pernas”.
Para lançar esse capital no balanço de abertura é bem simples e isso pode ser feito colocando os bens da empresa em 3 categorias: dinheiro, bens móveis e bens imóveis que possam ser convertidos em dinheiro.
Contabilização do balanço de abertura
Para fazer essa contabilização, o primeiro passo é saber em qual momento a empresa está. E, como estamos falando de novas empresas, vamos explicar melhor como fazer a contabilização para esse momento.
Empresas que vão começar ou reiniciar o processo de escrituração contábil
Feito isso, é preciso entender qual o regime tributário da empresa. No caso de Lucro Presumido ou Simples Nacional é preciso fazer o levantamento do patrimônio, ou seja, identificar os bens, patrimônio e direitos.
Já aquelas que optaram pelo regime de caixa, a contabilização do balanço de abertura será feita de uma maneira um pouco diferente. Aqui, além de realizar o levantamento patrimonial, será necessário ver também quais receitas não foram apropriadas e quais as obrigações devidas como salários, impostos e fornecedores.
Agora vejamos outras situações empresariais nas quais é preciso contabilizar o balanço de abertura.
Empresas que abandonaram o processo de escrituração contábil
Nesse caso, as empresas devem retomar a tributação, porém, considerando o lucro real. Dessa forma, o balanço deve levar em consideração o Parecer Normativo CST nº 33/1978. Sendo assim, algumas regras precisarão ser seguidas:
- os responsáveis terão que partir do último balanço realizado, feito antes da empresa escolher pelo lucro presumido;
- devem ser levadas em consideração todas as variações que aconteceram enquanto a escrituração contábil estava parada;
- será preciso pontuar as correções relacionadas aos exercícios anteriores;
- deve-se considerar as cotas de amortização, depreciação e exaustão;
- deve-se considerar como exercício de correção qualquer período-base enquanto as declarações foram apresentadas levando-se em conta o lucro presumido do negócio;
- e, é claro, pontuar todos os ativos e passivos e a diferença entre eles será classificada como prejuízo ou lucro do empreendimento.
Empresas que nunca mantiveram escrituração contábil
Se você tem empresa funcionando há algum tempo, mas nunca realizou a escrituração contábil ou balanço de abertura, então é preciso realizar o levantamento patrimonial.
Para isso, é necessário que no dia 31 de dezembro do ano em questão você descreva todos os direitos, deveres e bens da empresa a fim de executar o balanço de abertura. Para fazer isso da forma correta, você precisa ter os custos dos bens:
- do ativo imobilizado;
- dos investimentos permanentes;
- valores que estão sujeitos à correção monetária;
- e a correção monetária do capital social.
O próximo passo agora é realizar os registros contábeis que foram pontuados durante o levantamento patrimonial.
Leia também: Os principais benefícios da contabilidade digital.
Exemplo de um balanço de abertura
Para ficar ainda mais claro como fazer o balanço de abertura do seu negócio e quais documentos serão necessários para essa finalidade, vamos deixar aqui um exemplo no caso de uma empresa que segue o Simples Nacional e que, no caso, tem a tributação regida pela lei nº 123/2006 e que precisa realizar o balanço de abertura.
Digamos que a empresa tenha as seguintes informações de bens:
- R$ 4 mil de capital social;
- R$ 15 mil em veículos;
- R$ 23 mil em aplicações financeiras bancárias;
- R$ 40 mil de saldo em duplicatas a pagar;
- R$ 2.500 de GPS para recolher;
- R$ 7 mil de pró-labore;
- R$ 63 mil de mercadorias;
- R$ 150 do livro caixa;
- R$ 100 mil de duplicatas a receber;
- R$ 550 de saldo no banco;
- R$ 400 de GPS a recolher;
- R$ 4 mil de DARF a pagar;
- R$ 5.500 de folha de pagamento.
A partir disso, podemos separar o que são ativos e passivos como faremos abaixo. Primeiro, os ativos:
- valor em caixa;
- valor no banco;
- aplicação financeira;
- veículos;
- valores a receber dos clientes;
- o que tem em estoque.
Já no passivo temos: capital social, salários a pagar, pró-labore, impostos a recolher, duplicatas a pagar, lucro acumulado e encargos sociais (direitos concedidos ao trabalhador por lei).
Então, após ter todos esses valores, será possível analisar se a empresa, por exemplo, pode honrar com os compromissos e se está gerando lucro ou não, entre outras informações de grande importância.
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